Em meio a um cenário de demanda menor, Embu intensifica gerenciamento e disponibilidade de equipamentos, reduzindo custos e agilizando produção
Guilherme Arruda
“Revisamos toda a operação com o intuito de reduzir custos e nos adequar ao atual cenário. Conseguimos aumentar a produtividade por hora trabalhada, mesmo com a diminuição de um turno”, afirmou o engenheiro de minas Iuri Bueno, superintendente da Embu S.A, durante visita da reportagem da Minérios & Minerales ao local.
A companhia reduziu os níveis de estoque de alguns itens de reposição de equipamentos da mina e insumos utilizados na planta, como peças e ferramentas de desgaste feitas em aço manganês, fornecidas pela Metso e Furlan, assim como 20% da mão de obra. “Após conversas com nossos fornecedores, diminuímos os nossos estoques de peças e materiais na unidade e nos aproximamos do sistema just in time, impactando positivamente no nosso fluxo de caixa”, ressalta Bueno.
Outra medida implementada pela companhia foi produzir apenas os produtos mais demandados pelo mercado, mantendo reservas que duram no máximo 15 dias – e entre eles estão: pedra 1, pedrisco, areia de brita e pó de pedra.
“Estamos com um controle minucioso do nosso estoque de produtos, com uma operação mais regulada de acordo com o fluxo de pedidos na expedição. Sendo assim, priorizamos uma instalação de britagem mais flexível”, destaca.
Com o desaquecimento das atividades do setor de construção civil, o orçamento da empresa foi reduzido um 10% este ano. A unidade, que tem capacidade produtiva de 2,6 milhões t por ano, opera, atualmente, com um índice de utilização de 70%.
Para 2016, a mineradora prevê uma retomada do crescimento em função dos novos investimentos anunciados pelo governo para o setor de infraestrutura, que demandam muitos produtos do segmento de agregados para a construção civil, bem como a retomada da indústria imobiliária.
Manutenção à riscae novos aportes
Com o apoio de um programa computacional, desenvolvido internamente, a Embu gerencia todos os componentes da frota, como óleo do motor, condições dos pneus, freios, lubrificação, peças de desgaste etc. O software facilita as atividades contempladas pela manutenção preventiva e preditiva das máquinas e equipamentos.
A pedreira é atendida por uma unidade central de manutenção, localizada no próprio complexo industrial. A equipe, composta por cerca de 20 funcionários contratados, também presta serviços para as outras três unidades da empresa: Juruaçu e Itapeti, na Grande São Paulo, e Vila Velha, no Espírito Santo.
A unidade recebe também apoio complementar dos fornecedores de máquinas e equipamentos para os trabalhos de manutenção. Bueno ressalta que alguns desses serviços estão previstos em contratos com os fabricantes e recebem a supervisão de um mecânico da mineradora. “A reforma do martelo da perfuratriz, por exemplo, é feita por mecânico da Sandvik, mesmo com a participação da nossa equipe. Recebemos o apoio da Sotreq (revendedora da Caterpillar), Randon, Liebherr, entre outras. Esta parceria é muito importante”, comenta Bueno.
A frota da pedreira é composta por uma escavadeira Caterpillar de 70 t, uma escavadeira Komatsu PC 228 com rompedor hidráulico Sandvik BR 2577, uma carregadeira Caterpillar 980H e nove caminhões, sendo oito Randon de 30 t e um Mercedes Benz de 40 t.
O engenheiro revela que a empresa deve repor alguns equipamentos até o final do ano. “Mesmo com um controle rígidodemanutençãopreventiva e reparo, buscando aumentar a vida útil dos equipamentos, devemos realizar investimentos pontuais para a reposição de frota”, completa.
Nos últimos anos, os itens que mais demandaram recursos foram a parte rodante de escavadeiras, pneus, FPS (ferramentaspara penetração de solo) e revisões em transmissão e motores.
Para troca e reforma de pneus a Embu conta com os serviços da Anchieta Pneus. A empresa foi criada em 1950 as margens da Rodovia Anchieta por Waldemar Magalhães Costa, que começou a reformar pneus rodoviários descartados pelas empresas da região. Com o desenvolvimento do negócio, Waldemar transferiu a sede da Anchieta para Vinhedo (SP), onde iniciou a reforma de pneus OTR (fora de estrada) e agrícolas.
A área de Tecnologia da Informação também deverá receber aportes com uma maior abrangência para o software de ERP da Totvs. O programa, que atualmente é usado na área administrativa da empresa, será expandido para o gerenciamento de máquinas e equipamentos da fábrica.
Embu: priorizando a busca de produtividade
Ainda este ano, a unidade de Embu instalará um novo sistema de despoeiramento, com novos filtros de manga fabricados pela Delta Ducon. A Ducon possui mais de 30 anos de experiência e tem se especializado em sistemas de controle de poluição e processamento de particulados, como também no processo de tratamento de gases industriais.
Mão de obra especializada
Apesar do corte de 20% da mão de obra, a Embu manteve o seu quadro de funcionários especializados, como técnicos e engenheiros. Nesse sentido, a mineradora investe constantemente no treinamento e capacitação dos seus colaboradores, realizando o rodízio de operários em diferentes área
s da unidade, por exemplo.
De acordo com Iuri Bueno, a empresa incentiva a participação dos seus funcionários em cursos oferecidos pelo Senai ou/e pelos fabricantes de máquinas e equipamentos. Ele conta que em 2011, época em que o mercado estava aquecido, a empresa teve dificuldade em buscar funcionários no mercado.
“Temos essa política de treinamento e valorização de funcionários da mineradora há algum tempo. Com isso, 90% dos contratados foram formados na própria Embu e somente 10% vieram de outras empresas. Eu mesmo e muitos outros engenheiros entramos na empresa como estagiários”, comenta Iuri.
Passo a passo da produção
Na pedreira Embu, o depósito de gnaisse abrange uma área de mais de 150 ha e sua vida útil é estimada em mais de 50 anos. O processo produtivo inicia-se com a retirada de argila das frentes de lavra com o apoio de uma escavadeira Liebherr 944. Após isso e seguindo o planejamento de lavra, são feitos os furos nas bancadas, que têm 12 m de altura. Nessa etapa, as equipes utilizam, não simultaneamente, três perfuratrizes – duas Sandvik DX800 e uma Atlas Copco ROC D7, que realizam furos com diâmetro entre 72 e 79 mm.
Na sequência, numa operação conjunta que envolve equipe da fabricante de explosivos – Orica Brasil – e da Embu, é realizado o desmonte de rochas, com o uso de explosivos, do tipo emulsãobombeada (a base de nitrato de amônio). O acionamento, por espoleta eletrônica, confere mais precisão e menos vibrações na detonação, fator importante para a operação no seu entorno repleto de moradores.
“Ao longo desses 50 anos a Embu sempre teve um convívio harmônico com os vizinhos, como os moradores de um condomínio ao lado da unidade. E isso decorre do fato de procedermos a um monitoramento rotineiro nos níveis de ruído e vibração, ficando abaixo do mínimo exigido pela Cetesb. Além disso, aplicarmos uma política de aplicação da melhor tecnologia disponível para nossas operações de desmonte de rochas”, afirma Bueno.
As detonações, realizadas uma ou duas vezes por semana, são acompanhadas por técnicos e engenheiros da Embu, que elaboram, em conjunto com a terceirizada, os planos de fogo e o estudo de malha. O volume de explosivo empregado é de 850 g para cada m3.
Após o desmonte, uma escavadeira Komatsu PC 228 com rompedor hidráulico Sandvik BR 2577 faz a fragmentação de possíveis matacos. Então, carregadeiras abastecem os caminhões, que seguem para a unidade de britagem primária, localizada a 1000 m da mina. Na planta, a rocha fragmentada no desmonte primário é direcionada para o britador Faço 150/120. Outros dois britadores existentes na planta de beneficiamento (atual Metso), modelo 120/40, promovem a britagem secundária e, dois cônicos, de 300HP, a terciária.
Parte da rocha que está sendo britada e classificada, como aquela que está com granulometria acima de 12 mm, passa por um quarto estágio de britagem, denominada de quaternária, visando dar forma adequada ao material. Nessa etapa é utilizado um britador VSI da Omni, do tipo eixo vertical.
Complementa o processo de beneficiamento a classificação granulométrica, constituído de peneiramento, feito em duas linhas de peneiras paralelas da Metso. Com três peneiras em cada linha, o sistema tem capacidade de processar 600 t/h de material.
Para a produção de areia de brita, a empresa conta ainda com um aero classificador VSI da Metso, que combina forças gravitacionais, inerciais, centrífugas e aerodinâmicas para classificar os materiais nos pontos de corte variando de 50 a 200 mesh (300-75 mícra). Esse processo de classificação é feito por via seca, o que proporciona uma solução com inúmeras vantagens técnicas e principalmente do ponto de vista ambiental, pela não utilização de água e não geração dos impactos decorrentes do controle de finos que num processo a úmido demandaria, como a necessidade de um circuito fechado para recuperação da água.
A capacidade instalada total da empresa éde cerca de 7,5 milhõest anuais de agregados (pedra britada e areia). Com a expansão da unidade de Itapeti, concluída no final do ano passado, esta superou a capacidade produtiva da pedreira Embu, alcançando 2,7 milhões t/ano. As pedreiras Juruaçu (Perus) e Rydien (ES) possuem capacidades de 1,7 milhão t e 600 mil t/ano, respectivamente.