Três meses após anunciar a compra da mina de níquel Santa Rita, da Atlantic Nickel, na Bahia, a mineradora sul-africana Sipanye Stillwater comunicou ao mercado o cancelamento do negócio, avaliado em US$ 1 bilhão. O acordo previa também a aquisição da mina de cobre-ouro de Serrote, da Mineração Serra Verde, em Goiás. Ambas as empresas eram controladas pela Appian Capital.
Segundo a companhia sul-africana especializada em metais preciosos, a desistência ocorreu em função de “um evento geotécnico” com potencial de inviabilizar financeiramente o projeto. A informação foi contestada pelo grupo inglês Appian Capital.
Um porta-voz da Appian disse à agência Reuters que o “fenômeno geotécnico” referido pela Sibanye Stillwater era o equivalente a uma fratura local que ocorreu no curso normal das atividades da mina a céu aberto.
“Para corrigir esta situação na área em questão, resíduos adicionais no projeto de mineração devem ser escavados antecipadamente, equivalentes a menos de 1% da dimensão da mina em 34 anos de vida útil de produção”, informou a Appian à Reuters, acrescentando que tomará todas as medidas necessárias para fazer valer seus direitos legais, disse o porta-voz.
A mina de níquel de Santa Rita é operada pela Atlantic Nickel, enquanto a Serrote está sob gestão da Serra Verde. O acordo de compra, fechado em outubro de 2021, previa o pagamento de US$ 1 bilhão e mais 5% de royalty pelo metal a ser produzido em Santa Rita.
A suspensão do acordo é um revés para os planos da Sipanye de impulsionar seus negócios com metais para baterias de carros elétricos. A empresa é um dos maiores produtores globais de platina, um dos três maiores produtores de ouro, e a maior recicladora mundial de PGM proveniente de catalisadores automotivos usados. Produz ainda irídio. Rutênio, cromo, cobre e níquel como subprodutos. Tem minas produtivas nos quatro continentes, além da África do Sul.