Mineração no mar: Os diamantes mais valiosos são dragados do mar em Namíbia

Mineração no mar: Os diamantes mais valiosos são dragados do mar em Namíbia

Parece filme de ficção cientifica — navio usa uma lança para sugar seixos e material depositados no leito do mar em Namíbia, ao sul da África, a 120 m de profundidade, que são peneirados para separar diamantes, numa operação em circuito fechado sem intervenção humana. E esses diamantes tem qualidade gema, em 95% dos casos, que valem mais no mercado por conta da demanda da indústria joalheira, ao contrário de apenas 40 a 60% dos diamantes extraídos de depósitos em terra.

Esses diamantes foram trazidos originariamente há milhões de anos pelo rio Orange, carreados de depósitos terrestres ao longo do seu leito por centenas de quilômetros, até o Atlântico. É um caudal turbulento, no qual as pedras são submetidas a atrito e impactos de alta energia. Somente os diamantes de constituição mais perfeita resistem ao processo e chegam ao leito do mar. As pedras com falhas se destroem ao longo do trajeto. Esse seria a explicação para a alta qualidade de gema dos diamantes marinhos de Namíbia.

O diamantes são selados em latas e guardados em cofre do navio. Os lotes são enviados por helicóptero diretamente do navio à Debmarine Namibia — empresa conjunta do governo local e De Beers. A produção dela em 2017 foi de 1.378 milhões de quilates.

Para expandir a produção, a empresa está construindo um navio customizado para mineração de diamante, de 192 m, ao custo de US$ 142 milhões, previsto para operar em 2021. O navio possui um braço mecânico que descreve um arco horizontal no leito do mar, dragando o material do leito marinho num raio mais amplo. Após o peneiramento a bordo, o seixo restante volta ao mar num ciclo contínuo.

A Debmarine Namibia tem licença para operar numa área de 2.316 milhas quadradas até 2035—  equivalente à ilha de Jamaica, no Caribe. O navio opera 24 h sem paradas, tendo exaurido 50 milhas quadradas desta área desde 2002. Veículos autônomos não tripulados fazem varredura regular por sonar e um submarino com dois tripulantes mapeia o leito marinho — na sequência, um navio de exploração extrai amostras de grande volume do seixo do leito marinho em busca de diamantes. Combinando essas técnicas, a empresa já identificou uma área mineralizada de 600 milhas quadradas – cerca de um quarto da área total coberta pela licença.

Estimativas conservadoras projetam que os recursos minerais conhecidos permitirão pelo menos 20 anos de extração de diamantes marinhos na Namíbia.