Devido ao aumento da demanda por produtos derivados do lítio, a busca por matéria-prima tem sido intensificada nos últimos anos. Empresas do segmento tendem a se mobilizar para aumentar suas capacidades produtivas e suprir este mercado que está em constante crescimento.
Pensando em atender essa demanda, a AMG Brasil, organização global voltada para a produção de metais especiais e minerais críticos, que atua no município de Nazareno (MG), com a exploração e beneficiamento de pegmatitos, desenvolveu um processo visando a expansão da planta de beneficiamento de espodumênio, mineral de lítio. A ampliação pretende o aumento da capacidade de produção de concentrado de espodumênio grau químico.
Atualmente, a taxa de produção da AMG é equivalente a 90.000 toneladas por ano e pretende-se aumentar esta capacidade para uma taxa equivalente a 130.000 toneladas por ano. Como consequência deste aumento, tanto o circuito de moagem quanto o circuito de flotação terão um aumento de capacidade correspondente a 45% em relação ao atual cenário.
Nesse intuito, a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da AMG Brasil realizou um estudo de viabilidade da implementação de uma nova rota tecnológica. Essa nova abordagem propõe uma redução da taxa alimentada no circuito de moagem e consequentemente no circuito de flotação. Para isso, foi avaliada uma tecnologia que propõe a flotação através de um leito fluidizado como metodologia de pré-concentração de espodumênio. Este processo permite realizar a separação do mineral de interesse mesmo em granulometrias elevadas.
Para realizar a caracterização da alimentação e dos produtos gerados pelo processo de pré-concentração de espodumênio, foram avaliados a distribuição das fases minerais contidas em cada uma delas, assim como a liberação do mineral de interesse.
Rota de processamento – SP1+
Após o processo de caracterização mineral, foi definido de acordo com os dados obtidos que a fração escolhida para o top size do processo seria 500µm, utilizando-se como critério o grau de liberação superior 90%. Visto que, o P80 da atual rota de beneficiamento da AMG é de 150µm, este valor foi assumido como restrição de fração mínima que entraria no processo de pré-concentração.
Após a definição dos parâmetros operacionais, iniciou-se a classificação da amostra de alimentação da planta. A fração retida em 150µm foi designada para os testes em escala piloto, enquanto a fração passante foi reservada para realizar testes complementares, visando viabilizar a rota de beneficiamento.
Inicialmente, os testes foram conduzidos em escala de bancada no laboratório da Eriez nos Estados Unidos. Os resultados desses testes permitiram realizar o piloto na AMG. Com base nos dados obtidos nessas etapas do projeto, foi possível estabelecer uma rota de processo para avaliar a viabilidade da pré-concentração utilizando o método de flotação em leito fluidizado.
Logo, o material passante do processo de classificação foi diretamente direcionado para a etapa de separação magnética, presente no circuito convencional da AMG, enquanto o retido foi direcionado para o circuito de flotação de grossos. Portanto, o material passante, menor que 150µm foi encaminhado diretamente para a etapa de separação magnética, presente no circuito convencional da AMG, enquanto o material retido foi direcionado para o circuito de flotação de pré-concentração.
A fração retida, direcionada para o circuito de pré-concentração, inicialmente passou por um processo de condicionamento, no qual são adicionados coletores e agentes auxiliares, permitindo assim a realização da separação desejada. Após o condicionamento, o material foi alimentado diretamente na HydroFloat®, equipamento utilizado para a pré-concentração, o qual demonstrou um desempenho favorável.
Foi possível notar então, com base nos resultados, que a redução mássica obtida com a implementação da flotação de grossos como processo de pré-concentração foi equivalente a 48,92%. Além disso, mesmo com essa redução mássica, foi possível obter uma perda mínima de lítio na pré-concentração, evidenciando a eficiência do processo para as condições e matéria-prima propostas, com uma recuperação metalúrgica de 90,57%.
Contatou-se então, que com a flotação de grossos, há uma redução de massa equivalente a 36,36%, e nesta operação ocorre uma perda de 6,96% do lítio alimentado no processo. Além desses impactos, destaca-se a redução de custos na operação de moagem, como a diminuição do consumo energético e a redução no uso de corpos moedores.
A implementação da pré-concentração resultou em uma redução no consumo de energia, passando de 728,43 KW/h para 372,08 KW/h, o que representa uma diminuição de aproximadamente 48,98%. Em relação ao consumo de corpos moedores, o circuito convencional, sem a pré-concentração, consumiria 43,71 Kg/h, enquanto o circuito desenvolvido com o processo de pré-concentração terá um consumo de apenas 22,33 Kg/h, representando uma redução significativa de aproximadamente 48,87%.
Sendo assim, diante das informações levantadas através dos testes realizados pela equipe de P&D da AMG Brasil, a pré concentração de espodumênio utilizando-se flotação em leito fluidizado se mostra uma alternativa viável para contornar os desafios impostos pelo processo de expansão da capacidade produtiva da planta de espodumênio.
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As análises de caracterização dos produtos demonstraram uma eficiente separação das fases minerais e quanto ao desempenho da pré-concentração, como um volume de controle isolado, o mesmo indicou uma recuperação metalúrgica de 90,57%, de Li2O evidenciando a viabilidade técnica do processo proposto. Além disso, a análise econômica expressou impactos significativos, sendo eles a redução tanto no consumo energético da moagem quanto no uso de corpos moedores, resultando em economia de recursos e custos operacionais.