Com R$ 20 bilhões de investimentos previstos e uma longa espera marcada por contratempos e batalhas judiciais, além de golpes de estado, a Rio Tinto conseguiu a concessão para explorar minério de ferro em Simandou, no sudeste de Guiné, na África Ocidental. Além de duas minas, o projeto – conhecido como Simfer – inclui uma ferrovia e um novo porto, além de dezenas de pontes e túneis, mas estava parado desde 1997, quando a Rio Tinto ganhou a primeira licença de exploração. Em seguida, o país africano passou por três golpes de Estado, que adiaram os planos da mineradora anglo-australiana. A notícia sobre a autorização foi divulgada pelo Financial Times.
Simandou é considerado o maior depósito inexplorado de minério de ferro de alto teor do mundo. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o CIOH, um consórcio liderado pela Chinalco, Winning Consortium Simandou 1 (WCS), Baowu e República da Guiné. Segundo nota da Rio Tinto em dezembro passado, a concessão das duas minas do Simfer detinha um recurso mineral total estimado, até 31 de dezembro de 2022, o total de 2,8 bilhões de toneladas, e, no final de 2023, a empresa relatou a conversão de mais 1,5 bilhão de toneladas em reservas de minério, que sustentarão uma vida útil de 26 anos, com teor médio de 65,3% de ferro 3 e baixo teor de impurezas.
Ainda em dezembro de 2023, a empresa divulgou estimativa de que sua parcela inicial de aporte para desenvolver a mina Simfer e o projeto de infraestruturas ferroviária e portuária deverá ser de aproximadamente 6,2 bilhões de dólares. A expectativa da Rio Tinto é que o primeiro despacho de minério de ferro aconteça em 2025, com a produção atingindo sua capacidade máxima de 60 milhões de toneladas/ano em 2028.
Infraestrutura
Além das duas minas, as empresas associadas à Rio Tinto no projeto vão financiar juntas a construção de uma ferrovia, que terá 552 km de extensão e ligará os depósitos de Simandou até o mar, onde será construído um novo porto para escoar a produção. A Rio Tinto e o consórcio da Chinalco também terão que financiar um trecho adicional da ferrovia, de 70 km, que vai ligar suas minas com a linha principal da ferrovia.
Segundo a Rio Tinto, todas as infraestruturas desenvolvidas, quando concluídas, serão transferidas e operadas pela joint venture Compagnie du Transguinéen (CTG), na qual a Simfer e a WCS detêm cada uma participação acionaria de 42,5% e o Estado de Guiné 15%.